A Missa, o que
é?
Eu não vou à Missa; eu posso rezar em casa (ou em outra igreja).
Esta frase, ou variações dela, tem sido freqüentemente dita e ouvida nestes últimos anos.
Ora, isso mostra uma incompreensão total do que seja a Missa. A Missa não é uma reunião de pessoas
em oração. A Missa é
um
Sacrifício, ou melhor dizendo, é O Sacrifício
que
nos reconcilia com o Pai - o Sacrifício de Cristo na Cruz - tornado novamente presente diante de nós para nosso bem.
O
sacerdote, durante a Missa, não é uma
pessoa qualquer que esteja conduzindo um grupo em oração; ele
naquele momento age na Pessoa
de Cristo, ele é Cristo, oferecendo-Se
em
Sacrifício a Deus Pai por nossos pecados.
A
Missa tem várias partes, todas
elas orientadas rumo a seu auge, o Sacrifício. Ao iniciar a
Missa, temos o Confiteor ("Confesso a Deus Todo-Poderoso..."),
em que
mostramos a nossa indignidade e imploramos
o perdão
de Deus
e a intercessão das orações dos
Santos e de nossos irmãos. Após este nosso reconhecimento
de
nossa condição de pecadores,
o sacerdote, que age na Pessoa de Cristo,
único Mediador entre nós e Deus-Pai, pede a Deus por nós .
Em seguida,
temos uma aula: a Liturgia da Palavra.
Nesta aula ouvimos trechos da
Sagrada Escritura, seguidos
por uma explicação do
que ouvimos (a homilia). Após a homilia, professamos a nossa Fé
no Credo ("Creio em Deus..."). Começa
então aquilo que é o centro da Missa , a razão de ser da Missa, da Igreja e, porque não dizê-lo, do Universo
criado: o Sacrifício.
Sim, o
universo inteiro foi criado para a celebração da Santa Missa . A celebração da Santa
Missa é o Sacrifício Perfeito, o ato de ADORAÇÃO
mais completo e perfeito
que pode existir, o único que é digno de Deus. E como o universo foi criado para a maior
glória de Deus e a Santa Missa
é o mais perfeito ato de adoração
a Deus, podemos
dizer que o universo foi criado para a Santa Missa!
Este é um problema
que
encontramos muitas vezes em pessoas que tiveram contato exagerado com algumas
idéias modernas, especialmente o protestantismo:
como o irmão separado não tem
a Missa, ele considera que veneração
é adoração.
Venerar é o que o filho faz em relação
a seu pai: ele o louva, ele pede aquilo de que necessita, ele agradece
a ele pelo que dele recebe.
Adorar é oferecer SACRIFÍCIO
(ver Bíblia...). O macumbeiro
adora suas "entidades":
ele oferece
sacrifícios de bichos a elas. O protestante
venera a Deus, dando- Lhe louvor, pedindo-Lhe e agradecendo-Lhe
graças recebidas. O católico,
porém, adora a Deus . Esta adoração
é feita pelo Sacrifício da Missa, oferecido pelo SACERDOTE na Pessoa de Cristo em nome de todos os fiéis.
Como ocorre este Sacrifício?
Ele ocorre de maneira incruenta , ou
seja, sem mortes e derramamento de sangue.
Ele é o mesmo Sacrifício de Cristo na Cruz , que não é repetido, mas tornado novamente presente.
Ele ocorre de acordo com a vontade
do próprio Senhor, ou seja, sob as espécies (aparência) de Pão e Vinho. Pelas palavras de Cristo (Isto é o Meu Corpo/Isto é o Meu Sangue)
o pão e o vinho deixam de ser pão e vinho e passam a ser o
Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo.
Este Corpo e este Sangue
de Cristo
são então
oferecidos "por Cristo, com Cristo e em Cristo" a Deus.
Este oferecimento é feito pelo SACERDOTE
, que em virtude de sua ordenação sacerdotal, que pode ser
traçada até os Apóstolos e deles a Cristo (a AUTORIDADE
DIVINA), tem este poder concedido. Alguém não ordenado não conseguiria fazer com que pão e vinho deixassem de ser pão e
vinho para tornar-se o Corpo e o Sangue de Cristo.
Do mesmo modo, alguém não ordenado
não conseguiria oferecer o Sacrifício , e é por isso
que o único som que se
ouve na igreja durante
o "Per Ipsum" ("Por Cristo, com Cristo e em Cristo")
é a voz do sacerdote, que sozinho
(e só ele) tem o poder de oferecer o Sacrifício na Pessoa de Cristo. À voz
do sacerdote
responde a assembléia, em cujo benefício
foi oferecido o Sacrifício: "Amém".
A Comunhão
É
permitido que haja a distribuição de Comunhão, ou seja, de partículas
do Santíssimo Sacramento
(cada partícula é o Corpo e o Sangue
de Nosso Senhor Jesus Cristo por inteiro; Ele não é
despedaçado), aos leigos.
É obrigatório comungarmos uma vez por ano pela Páscoa. Não
é necessário de modo algum comungar
a cada Missa ou a cada semana (ainda que seja
sim necessário
que assistamos à Missa todos os
Domingos e dias santos de guarda),
apesar disso ser muito bom.
Não podemos, entretanto, comungar se não estivermos
preparados . O que significa estar preparado? Estar preparado
significa estar em estado de
graça, não haver cometido nenhum
pecado mortal desde a última confissão. Não importa o
estado emocional da pessoa;
ela
pode estar alegre ou triste, feliz ou
infeliz. Ela não pode, porém, ter
pecado mortalmente depois de sua última confissão.
Assim,
não pode comungar:
- Quem usa, vende, distribui, permite que use ou manda usar
pílulas anticoncepcionais, "camisinhas", DIUs, etc.
- Quem vive conjugalmente com alguém com quem não é casado na Igreja
- Quem nega verdades de Fé ou Moral propostas
de maneira definitiva pela Igreja
-
Quem cometeu qualquer outro pecado mortal
depois de sua última confissão ou o comete de maneira
habitual.
Receber o Santíssimo Sacramento é receber a
Deus dentro de nós, literalmente.
Não podemos receber
a Deus se somos Seus inimigos,
como nos tornamos pelo
pecado mortal. Comungar em pecado mortal é um atentado contra Deus e um pecado gravíssimo.
"Ora", poderia alguém dizer, "como
pode ser que haja gente que comunga
a cada domingo, tendo
confessado seus pecados, e mesmo
assim não se vejam frutos desta comunhão? Se ela está recebendo
Deus dentro de
si, deveria estar visivelmente mais santa, não?"
Não necessariamente. O fruto da Comunhão
depende da disposição da pessoa, da aceitação
que ela dá à Graça. Alguém que se fecha para a graça não
deixa Deus agir , e
Deus não arrombará suas portas.
Quanto mais aberta para a
graça a pessoa for, maiores serão os frutos da Comunhão.
Se ela estiver totalmente
fechada para a graça (pelo pecado
mortal, por exemplo), os frutos serão de condenação.
Se ela estiver aberta para a graça, ela será tornada mais santa.
Mesmo assim, os frutos da presença
na Missa já são muito
grandes para as pessoas que
não comungaram,
caso elas estejam abertas para a Graça. Não poder comungar não
é motivo para não assistir à Santa Missa, pelo contrário; assistir ao Sacrifício de Cristo
vai ajudar a pessoa
a livrar-se daquilo que a impede de abrir-se para a Graça, até que ela consiga
confessar-se e assim poder comungar.
Assim, podemos dizer com
certeza: podemos sim rezar em casa, mas ir à
Missa não é sinônimo
de rezar. Rezar é louvar,
pedir, agradecer; rezar é venerar o autor da Graça. Ir à
Missa é adorar, é oferecer o Sacrifício, é entrar em contato direto com o próprio Senhor.
Carlos Ramalhete